A carta, escrita em 1922, foi escrita pelo físico à sua irmã
Uma antiga carta escrita por Albert Einstein está sendo leiloada em Jerusalém. No documento, de 12 de agosto de 1922, o físico escreve à sua irmã mais nova, Maja, sobre sua vida já fora de Berlim, bem como sobre “tempos sombrios” na Alemanha - dois anos após a fundação do partido nazista.
A carta, que até então era desconhecida, foi apresentada por um colecionador anônimo segundo a Associate Press. Seu preço inicial é de U$12 mil (R$45 mil reais), mas a previsão é que seja vendida por um valor que pode chegar até US$ 20 mil (cerca de R$ 75 mil).
Einstein era judeu e foi alertado sobre o perigo que estaria correndo na Alemanha em razão das perseguições por grupos antissemitistas de extrema-direita. Depois do assassinato de seu amigo, Walther Rathenau, de origem judia e então ministro de Assuntos Exteriores alemão, o cientista optou por deixar a cidade. Já morando provavelmente na cidade de Kiel, no norte da Alemanha, ele escreveu à sua irmã sobre sua preocupação com o país.
“Estamos em tempos obscuros, econômica e politicamente, por isso estou contente de poder ficar longe de tudo isso durante um semestre” escreveu ele. Já em outro trecho, o físico falou sobre a cultura antissemita que já estava instaurada no país. "Estou muito bem, apesar de haver antissemitas entre meus colegas alemães.”
Na carta, Einstein também revela detalhes de sua vida na cidade. "Estou recluso aqui, sem barulho e sem sentimentos desagradáveis, e ganho meu dinheiro independentemente do Estado. Assim, sou realmente um homem livre. Aqui, ninguém sabe onde estou e se acredita que eu esteja desaparecido."
Ele também comenta sobre sua entrada em uma comissão da Liga das Nações (fundada em 1922 para promover relações entre artistas, cientistas e outros profissionais), o que "naturalmente perturba as pessoas aqui".
Na época em que escreveu a carta, Einstein já era um cientista internacionalmente famoso. Naquele mesmo ano, durante uma viagem ao Japão, ele foi informado ter recebido seu Prêmio Nobel de Física.
A relação de Einstein com a Alemanha
Esta não foi a primeira nem a única vez que Einstein usou um tom alarmante em seu discurso sobre a Alemanha. O físico defendeu o fim do militarismo no país, mas tinha esperanças - antes da ascensão de Hitler - de que a situação por lá poderia ser revertida.
Ele ainda ajudou a levantar dinheiro para a Universidade Hebraica de Jerusalém porque ele se preocupava com o bem-estar dos judeus em outras partes do mundo. "Estou realmente fazendo o que posso para os irmãos da minha raça que são tratados de forma tão ruim em todos os lugares", escreveu em 1921.
O cientista chegou a ser alvo de hostilidade nazista também. Sua Teoria da Relatividade foi descartada pelo partido nazista como “ciência judaica” e, como outros profissionais judeus, ele foi afetado por leis que proibiram os judeus de ocupar cargos públicos.
Já quando Hitler chegou ao poder, Einstein renunciou sua nacionalidade alemã. Depois de passar por França, Bélgica e Reino Unido, Einstein se instalou nos Estados Unidos. Lá, trabalhou em Princeton até sua morte, em 1955.
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